sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Sermão da Montanha

"Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada estaria perdido". (Mahatma Gandhi).
É com essa lapidar citação de Gandhi que começa o livro O Sermão da Montanha, de HUBERTO ROHDEN. Conheci essa obra graças a carinhosa indicação da minha Madrinha, Josiane Tibursky, que ainda se emociona a cada releitura desse livro. Por isso, essa indicação no Nous Divino é em homenagem à ela com muito carinho.
Apenas uma pequena passagem do livro:
"O homem crístico está liberto de qualquer espírito mercenário; trabalha inteiramente de graça, nem espera resultado algum externo de seus trabalhos. Trabalha por amor à sua grande missão, pois sabe que é embaixador plenipotenciário de Deus aqui na terra e em outros mundos. E é por isso que ele trabalha com o máximo de perfeição e alegria em tudo, tanto nas coisas grandes como nas coisas pequenas. Nunca trabalha para ter o público que o aplauda. Por isso, não o exaltam louvores, nem o deprimem censuras". - p. 35
Editora: Martin Claret

Setas para o Infinito




Setas para o Infinito foi o primeiro livro que li de HUBERTO ROHDEN. Trata-se de uma leitura envolvente e ao mesmo tempo reveladora. Como uma pequena amostra da beleza e da grandiosidade do livro, transcrevo os seguintes trechos:


"Quando Mahatman Gandhi disse que 'a verdade é dura como diamante e delicada como flor de pessegueiro', teve ele a intuição do Universo e do Homem como o uno da Verdade (dureza do diamante) revelado como o diverso da Beleza (delicadeza da flor de pessegueiro)" - p. 22.


(...)


"Pela ciência, escreve Einstein no seu livro 'aus meinen spaeten Jahren', o homem descobre os fatos objetivos da natureza externa - mas pela filosofia realiza o homem valores subjetivos em sua natureza interna; a ciência torna o homem erudito, a filosofia torna o homem bom e feliz". - p. 25.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sócrates ou o Despertar da Consciência



Socrates ou o Despertar da Consciência, foi o primeiro livro que li de JEAN-JOEL DUHOT. Dentre outros aspectos interessantes abordados no livro, um deles merece destaque: o xamanismo socrático. Com base nele, estou escrevendo um pequeno artigo sobre o tema para postar aqui no Nous Divino. A editora é Edições Loyola.

A Filosofia Contemporânea



A Filosofia Contemporânea, de Huberto Rohden, é um livro muito especial. Gostei principalmente do Capítulo intitulado Rumo ao monismo absoluto, no qual o autor fala um pouco sobre Benedito Spinoza. Após a leitura, fiquei fortemente motivado a conhecer a vida e a obra de Spinoza.

A Fortaleza do Filósofo Estóico

 

EPICTETO (c. 55-136 d. C) Um dos mais importantes filósofos do estoicismo teve seus ensinamentos preservados graças às anotações de seu aluno Flávio Arriano. O principal ponto que chama atenção nos ensinos de Epicteto talvez seja a irrelevância que atribuía às circunstâncias exteriores, o que tornava o filósofo uma fortaleza inexpugnável, sujeito apenas a sua própria vontade, ou seja, as coisas de seu interior. Nada que vem do exterior pode fazer mal ao homem.

 

HUBERTO ROHDEN[1] nos apresenta uma interessante síntese sobre o estoicismo:

 

O estoicismo não nega a existência dos males do mundo, embora admita que eles não consistam em uma realidade positiva, mas na ausência da mesma; sabe contudo que o efeito dos males sobre o homem é terrivelmente real, e não há sugestão que os possa fazer irreais. O estoicismo admite a existência dos males e os olha bem de frente. Nega, todavia, que algum mal possa fazer o homem infeliz. Se a minha felicidade ou infelicidade viesse de fora, de algo alheio à minha vontade, o mundo deixaria de ser um cosmo (sistema de ordem e harmonia), acabando em um caos (confusão e desordem).

 

É impossível que minha felicidade (ou infelicidade) dependa de algo que não dependa de mim.

 

O estoicismo é, essencialmente, uma filosofia de realismo e de racionalidade.

 

Nessa mesma linha de raciocínio, JEAN-JOEL DUHOT[2] traz alguns pensamentos atribuídos a Epicteto, tecendo elucidativos comentários, que serão a seguir transcritos.

 

A Confiança

 

(....)

 

Devemos nos imbuir da idéia de que a única coisa que nos concerne é o nosso psiquismo e o nosso comportamento, nada de exterior pode nos atingir.

 

A confiança estóica não tem, portanto, nada de passivo. O Pórtico postula que nada de mal pode nos acontecer do exterior, todo o problema se deve ao fato de que as circunstâncias, em si mesmas diferentes, nos levam a um mal reacional do qual somos os autores.

 

O que perturba os homens não são as coisas, mas os julgamentos que eles fazem sobre as coisas. Assim, a morte não tem nada de temível, caso contrário ela se teria mostrado assim a Sócrates. Em contrapartida, o que é temível é o julgamento segundo o qual a morte é terrível. Quando pois estamos diante dos obstáculos, das perturbações, das angústias, não acusamos ninguém a não ser nós mesmos, isto é, nossos próprios julgamentos. É próprio de um homem sem formação atribuir aos outros os seus infortúnios, quem começou a se formar atribui a si, e quem terminou sua formação não atribui nem a um outro nem a si mesmo (Manual, V).

 

A atitude ingênua consiste em acusar as circunstâncias; quem empreendeu um trabalho filosófico sobre si mesmo sabe que o mal vem das suas reações, de modo que ele não tem senão a si próprio para acusar; e o filósofo verdadeiro chega a extirpar suas más reações, de tal forma que já não tem mais ninguém a acusar, pois o mal desapareceu.

 

Não digas nunca de nada: "eu o perdi", mas sim "eu o entreguei". Teu filho está morto? Ele foi entregue. Tua mulher está morta? Ela foi entregue.

 

- Tomaram-me minha propriedade?

- Mas quê! Também ela foi entregue.

- Mas foi um bandido quem a tomou de mim.

- E o que te importa por quem aquele que te foi dado te seja requisitado? Enquanto te foi dado, ocupa-te dele como de algo que pertence a um outro, como fazem os viajantes num albergue (Manual, XI).

 

Para nossa cultura, que valoriza a indignação e a revolta e que experimenta particularmente o escândalo e o inaceitável, tal atitude parece proceder da indiferença. Os estóicos não partilham nossa necessidade de emoções, e sabem que é infantilidade recusar o inevitável. Ao contrário, é preciso retirar dele uma lição capital: fora de nós mesmos, nada nos é dado, menos ainda devido. Nós possuímos somente nossa pessoa moral, todo o resto, parentes e bens, apenas nos é emprestado e deve-se evitar crer que se é proprietário. Somos apenas viajantes de passagem pelo hotel. Ou, se preferirmos, marinheiros em uma escala.

 

A vida é como uma navegação. Quando o barco está atracado, e vais em busca de água, no teu caminho poderás também recolher uma conchinha ou uma cebola, mas é preciso guardar o espírito direcionado para o barco e mirá-lo constantemente para ver se por acaso o piloto não te chama, e se te chama, deixar tudo isso, para não ser arrastado a bordo como um animal. Assim, na vida, se no lugar da conchinha ou da cebola está uma mulher e um filho que te foram dados, nada te impeça. Mas, ao apelo do piloto, corre para o barco, deixando tudo para trás, sem retomar. E se és velho não te distancies muito do barco para não correres o risco de faltar à chamada (Manual, VII).

 

O marujo encarregado de buscar água pode aproveitar o '" trajeto para um passeio, na medida em que isso não prejudique seu trabalho, mas deve estar sempre pronto para obedecer ao sinal. Para os comentadores antigos, o navio que carrega as almas representa o destino: o marinheiro não tem escolha: se não entra a bordo de livre e espontânea vontade, é trazido à força. O capitão, evidentemente, é Deus, cujo chamado é preciso estar sempre pronto a seguir. A escala é nossa vida: estamos aqui apenas de passagem e para cumprir uma função, as pequenas felicidades não nos são proibidas sob a condição de que não nos desviem de nossa missão, de que sejam conformes à ordem do mundo e que não nos apeguemos a elas.

 

Se isso é verdade, que não esmoreçamos e que não nos contentemos com recitar quando dizemos que o bem e também o mal residem para o homem na faculdade de escolher e que todo o resto não é nada para nós, por que então nos perturbar, por que ainda ter medo? Ninguém tem poder sobre o que é importante para nós; e aquilo sobre o que os outros têm poder não nos concerne. O que ainda nos confunde?

- Mas dize-me o que devo fazer.

- O que tenho eu a te dizer? Zeus já não te disse? Não te deu ele o que te pertence, livre de qualquer entrave, enquanto o que não te pertence está submetido aos impedimentos e aos entraves? O que te ordenou ele a fazer quando viste aqui embaixo, quais eram as ordens? Conserva, com todos os meios, o que é teu, não te preocupes com o que é estranho. A fidelidade é tua, a reserva também é tua. Quem então pode arrancá-Ias de ti? Quem além de ti pode impedir-te de usá-Ias? Como? Cada vez que procuras o que não te pertence, perdes o que é teu. Com tais princípios e tais ordens dadas por Zeus, quais princípios e ordens queres ainda que eu te dê? Serei melhor do que Ele, mais digno de confiança? E se respeitas estas ordens tens necessidade de receber outras? Não te deu Ele essas ordens? Traze as prenoções, traze as demonstrações dos filósofos, traze o que freqüentemente escutaste em cursos, traze o que tu mesmo disseste, traze o que leste, traze o que meditaste (Diatribes, I, 25, 1-6).

 

O discípulo gostaria que Epicteto o dirigisse, dizendo-lhe exatamente o que deve fazer. Epicteto recusa, a tentação de exercer o poder sobre os espíritos não o toca, o único mestre é Deus. Coerente consigo próprio, o Pórtico, escola de liberdade interior, não reduziria quem quer que fosse à obediência.

 



[1] ROHDEN, Huberto. O Pensamento Filosófico da Antiguidade. Matin Claret, p. 74.

[2] DUHOT, Jean-Joel. Epicteto e a Sabedoria Estóica. Edições Loyola, p. 105-108.



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Mulheres na Academia de Platão


Uma curiosidade interessante sobre o mundo grego diz respeito à Academia de Platão, fundada aproximadamente em 387 a.C, e que aceitava mulheres, sendo que duas delas – Axiotéia e Lastenéia – foram alunas diretas de Platão e de Espeusipo (sucessor de Platão na Academia). Pierre Hadot[1] refere que Axiotéia utilizava sem vergonha a túnica simples dos filósofos. Em breve pesquisa na Internet, encontrei algumas divergências sobre o tema, mas nada de significativo. Alguns autores afirmam que todas as mulheres que participavam da Academia de Platão utilizavam as túnicas simples dos filósofos da época.




[1] O Que é a Filosofia Antiga?. Edições Loyola.





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